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Necessidades humanas e comportamento
Há um ponto frequentemente esquecido em diversos contextos que envolvem relacionamento social (por exemplo: relações nos condomínios, no trabalho, na família, entre Fisco e contribuinte, entre marcas e seus consumidores). Os seres humanos têm necessidades inatas e que frequentemente estão adormecidas nesses relacionamentos, mas que podem ser ativadas para elevar a qualidade das relações. Ninguém vai errar se considerar que, em conjunto:
– As pessoas querem se sentir ouvidas. Querem sentir que tem voz, que são respeitadas e que sua opinião é levada em conta.
– As pessoas precisam sentir progresso nas dimensões importantes do ente com quem se relacionam.
– As pessoas querem se sentir parte de algo maior.
– As pessoas querem espaço para se desenvolver, para aprender e enfrentar desafios.
– As pessoas querem se sentir bem e se divertir.
– As pessoas querem se conectar com outras pessoas.
– As pessoas querem perceber justiça no relacionamento.
– As pessoas querem conveniência e facilidade.
– As pessoas querem se sentir a origem de seu comportamento (autonomia).
– As pessoas precisam gostar da outra parte no relacionamento.
O que pode variar é a tecnologia social para dar vazão a essas necessidades intrínsecas. Mas frequentemente essas necessidades são ignoradas porque não fazem parte do modelo mental das pessoas com poder de decisão nos relacionamentos. Muitas vezes o modelo operante do ser humano é aquele mais raso: calibre recompensas e punições e ponto final. As evidências científicas mostram que o atendimento das necessidades humanas mais nobres gera resultados bem melhores. Tratei disso na minha apresentação no congresso internacional de marketing social, realizado em Toronto (Canadá) no último mês de abril. Saiba mais aqui.
Gamification
Já ministrei um curso sobre motivação humana aplicada ao contexto de trabalho. No meu curso, eu dou ênfase, entre outras abordagens teóricas, à Teoria da Autodeterminação, que aponta o atendimento de algumas necessidades que nascem com o ser humano como base para o desempenho ótimo em diversos contextos. Esses fatores são a autonomia, competência e o relacionamento social. Quando se fala em teoria, é comum que se venha à mente uma acepção incorreta: teoria é uma especulação sobre o mundo. A Teoria da Autodeterminação está enquadrada em outra acepção do termo: uma explicação sobre o mundo que é superior a outras explicações, amparada em ampla evidência científica e que sobreviveu a diversas tentativas de falsificação (isto é, de desconfirmação) por meio do método científico. Faço essa distinção porque a confusão é comum e porque a Teoria da Autodeterminação, por conta das evidências cavalares que a confirmam, é muito importante para ser tratada como “apenas uma teoria”.
Feita essa introdução, eu gostaria de sugerir um link que tem relação com essa discussão. Em 2011 a escola de negócios de Wharton, uma das melhores do mundo, deu o primeiro curso sobre gamification, que é aplicação dos princípios e conceitos empregados no design de games para a solução de problemas práticos que as organizações e as sociedades enfrentam. É uma abordagem promissora, com resultados reais em organizações que já aplicaram esse framework a alguns de seus problemas. Os professores do curso lançaram um livro muito bom sobre o tema. Mas vocês sabem o que é gamification de verdade? É uma aplicação prática e bem desenhada da Teoria da Autodeterminação. Segue o link com uma entrevista recente dos autores:
http://knowledge.wharton.upenn.edu/article.cfm?articleid=3119