Doria e a Nota do Milhão

Doria acertou com o novo formato do programa Nota do Milhão. Falo isso sem nenhuma paixão partidária; não votei nele, não estou convencido de sua competência e acho o governo de seu padrinho péssimo. Primeiro, as evidências científicas sugerem que um grande prêmio é muito mais motivador do que inúmeros pequenos prêmios. Segundo, ele soube criar um “framing” (tornar alguém milionário) cujo apelo parece ser muito forte. Se eu pudesse dar três sugestões seriam: (1) transformar o prêmio em um plano de renda permanente — parecido com o que é feito atualmente no programa português Fatura da Sorte, para dar um caráter de amparo à família; (2) atribuir cupons em dobro para os setores que tipicamente sonegam o ISS, o que é fácil de se identificar; (3) uma avaliação metodologicamente rigorosa, periódica e pública sobre a efetividade do programa. Enquanto Doria provavelmente vai acertar — gastando relativamente pouco e simplificando absurdamente o programa–, a Nota Fiscal Paulista já torrou R$ 9 bilhões em 9 anos com uma série de características que, na minha visão, são bem ruins.