Futebol e erro fundamental de atribuição

Se você ler, ouvir ou assistir as análises de comentaristas esportivos, vai ver que eles, via de regra, cometem o chamado erro fundamental de atribuição ao analisar o fracasso brasileiro na Copa do Mundo. Colocam a culpa no técnico, ou no jogador x ou y, ou buscam fatos da preparação para “explicar” o fracasso em campo (incorrendo em vieses como o hindsight bias ou o post hoc ego propter hoc) . Futebol é jogo de probabilidades e a acaso. A probabilidade de vitórias depende de fatores estruturais, mediatos , cujos resultados que levam tempo. Não apenas o Brasil regrediu em vários desses fatores, como não vem adotando outros, relacionados ao planejamento, ao conhecimento científico, à gestão. Meu palpite é que, passada a comoção da Copa, vamos continuar patinando nesses fatores. É o típico fenômeno complexo, com várias causas simultâneas e que interagem entre si, em um processo com consequências que o retroalimentam. É o tipo de fenômeno com o qual não sabemos lidar, pois seu entendimento demanda escapar de visões simplistas que tradicionalmente dominam a área. Em escala micro, é mais ou menos como o desenvolvimento de uma sociedade. Não sei se um dia teremos as competências para lidar com esse fenômeno.