Um livro que indiquei em outro post (Decisive: How To Make Better Choices in Life and Work) apresenta soluções muito práticas para superar diversos vieses que atingem o cotidiano das organizações, frequentemente com consequências sérias.
Um outro livro que trata do mesmo tema (e que compila como poucos os vieses identificados por décadas de pesquisa na economia comportamental e na psicologia social), também com enfoque prático, é o livro dos professores de Administração Max Bazerman (Univ. Harvard) e Don Moore (Univ. Carnegie Mellon). Para quem tem interesse no tema, é leitura imprescindível: Judgment in Managerial Decision Making (2009). É utilizado no curso que o Bazerman dá em Harvard.
O livro de Bazerman e Moore trata, por exemplo, de um viés que tem consequências na avaliação de desempenho, realizado anualmente nas organizações. Como esse viés se manifesta? Com base em sua memória, gestores avaliam o desempenho de funcionários de forma naturalmente enviesada: exemplos mais vívidos de comportamentos dos funcionários (sejam positivos ou negativos) são mais facilmente lembrados e vão dar a impressão de que são muito mais numerosos do que os comportamentos comuns do dia-a-dia, que não são gravados na memória do gestor da mesma forma. Assim, os comportamentos mais facilmente recuperáveis da memória e que tendem a não ser representativos do desempenho do funcionário terão um peso claramente desproporcional em avaliações de desempenho. A proximidade temporal dos comportamentos também tem uma influência comprovadamente desproporcional: as evidências mostram que os gestores dão um peso muito maior aos eventos ocorridos nos últimos 3 meses do que nos 9 meses anteriores. Destaco: mesmo assim, a maioria esmagadora das empresas faz apenas avaliações anuais. Esse é mais um caso de gap entre o que a ciência sabe e o que as organizações aplicam.