Todos querem ser diferentes. Todos querem ser iguais

Li esses dias um artigo interessante no jornal canadense The Globe and Mail. O artigo (leia aqui) discutia como a ubiquidade das tatuagens, que um dia foram um símbolo de um individualismo rebelde, tornou esse tipo de marcação de pele um sinal de conformidade, de adoção de um símbolo que não diferencia mais ninguém. Hoje, caminhando pelo parque Ibirapuera, passei por um casal que conduzia pela coleira um outro casal, só que de porcos. Todos olhavam, era inevitável. Os seres humanos, em especial em culturas não coletivistas, como as ocidentais, lida com um constante paradoxo. De um lado, a pressão inescapável pela conformidade, que nos torna aceitos nos nossos grupos sociais e na sociedade em geral. De outro, uma busca pela demonstração de individualidade, um grito para o mundo: “eu sou diferente!”, “eu sou único!”. É um equilíbrio instável, porque símbolos de individualidade podem ser rapidamente copiados, como aconteceu com as tatuagens, até que chega um ponto em que o diferente vira igual. Claro, isso não vai acontecer com todos os símbolos, mas é uma tendência forte. Não imagino o dia em que será extremamente comum as pessoas usarem alargadores de orelha, por exemplo. Mas a busca pela diferenciação ou o sentimento de que somos diferentes, de que nosso ponto de vista sobre o mundo é único, continua lá dentro, latejando.

Um excelente livro: Exploring Social Psychology

O livro Exploring Social Psychology (6a. edição, 2012), escrito pelo David Myers, é um excelente resumo do que essa fascinante disciplina (Psicologia Social) alcançou no século XX e nos anos recentes. Para quem tem a mínima curiosidade sobre o comportamento humano, é um livro obrigatório! Para quem já conhece a área, é uma excelente atualização, pois traz replicações recentes de experimentos clássicos e avanços nas diversas avenidas conceituais que compões a disciplina.