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Doria e a Nota do Milhão
Doria acertou com o novo formato do programa Nota do Milhão. Falo isso sem nenhuma paixão partidária; não votei nele, não estou convencido de sua competência e acho o governo de seu padrinho péssimo. Primeiro, as evidências científicas sugerem que um grande prêmio é muito mais motivador do que inúmeros pequenos prêmios. Segundo, ele soube criar um “framing” (tornar alguém milionário) cujo apelo parece ser muito forte. Se eu pudesse dar três sugestões seriam: (1) transformar o prêmio em um plano de renda permanente — parecido com o que é feito atualmente no programa português Fatura da Sorte, para dar um caráter de amparo à família; (2) atribuir cupons em dobro para os setores que tipicamente sonegam o ISS, o que é fácil de se identificar; (3) uma avaliação metodologicamente rigorosa, periódica e pública sobre a efetividade do programa. Enquanto Doria provavelmente vai acertar — gastando relativamente pouco e simplificando absurdamente o programa–, a Nota Fiscal Paulista já torrou R$ 9 bilhões em 9 anos com uma série de características que, na minha visão, são bem ruins.
Prefeito-gari
Da Folha de São Paulo (ontem): “Doria afirmou que vai se vestir dessa maneira e limpar as ruas da cidade todas as semanas até o fim de sua gestão. “Todas as semanas em quatro anos. Podem anotar, registrar. E olha, acordem cedo, hein!”, disse aos jornalistas.”
Se eu fosse consultor dele, diria:
1. Que besteira prometer varrição toda semana. Depois de algumas “performances” (porque isso é uma performance quase teatral), poucos jornalistas vão se interessar em acompanhá-lo toda santa semana. Cérebro de jornalista não é diferente dos demais humanos: “recompensas” (notícias) variadas e em periodicidade incerta são o caminho se você quiser atenção constante;
2. Que tal “performances” em pontos críticos da interface prefeitura x cidadão, como atendimento em hospitais e em escolas públicas?;
3. Cuidado porque em breve podem te colar o rótulo de alguém que só quer aparecer em vez de gerir/trabalhar;
4. Você está passando a impressão de alguém que age frequentemente por impulso, como quando prometeu, sem aparentemente ter estudado o assunto a fundo, manter a passagem de ônibus congelada (e a que custo!!!). Agora disse que vai limpar as ruas todas as semanas. Deixa disso. Ache um contraponto em alguém de confiança; alguém ponderado que lhe apresente um ponto de vista divergente. O objetivo não é tolher novas ideias, mas submetê-las a um choque de realidade prévio.