Um dos experimentos sociais de maior impacto no século XX foi conduzido não em um laboratório, mas em uma sala de aula na década de 60, pela professora Jane Elliott. Durante uma semana, ela separou seus alunos em dois grupos: os de olhos azuis e os de olhos castanhos. Segundo ela, intencionalmente citando supostas evidências científicas, os primeiros eram superiores e, assim, passaram a ter diversos privilégios, enquanto os segundos eram tratados como inferiores. Os alunos de olhos azuis logo passaram a maltratar os do outro grupo. Alguns dias depois, ela, dizendo ter cometido um engano, reverteu o exercício, dizendo que agora os alunos de olhos castanhos eram os superiores. O que fizeram estes? Passaram a tratar os alunos de olhos azuis com desprezo e comportamentos similares aos que tinham sido tratados.
Embora esse exercício seja sempre citado como um exemplo de como é fácil criar e perpetuar a discriminação entre grupos, é também um exemplo de como grupos que se sentem “dominados” ou injustiçados tendem a repetir os mesmos comportamentos dos grupos que antes lhe causavam sofrimento, quando a situação se inverte.
Por isso, é sempre recomendável tomar cuidado com o discurso de salvadores da Pátria.