Há evidências científicas que mostram um desencontro nítido e até engraçado entre duas curvas relativas à mesma pessoa: confiança no conhecimento que acredita ter e nível real de conhecimento. Enquanto a segunda curva vai crescendo com o acúmulo de conhecimento, a confiança atinge seu pico no início do processo e vai diminuindo (isso para a média das pessoas) – o expert, tipicamente, acha que sabe menos do que sabe de fato. Outro dia, no ano passado, estava assistindo uma entrevista do Daniel Kahneman, pai da economia comportamental e prêmio Nobel. Mais de uma vez, quando perguntado sobre determinado assunto, ele respondeu: não sei.
Mas há um problema nessa história. As evidências também mostram claramente que as pessoas confundem confiança e competência. Quanto maior a confiança apresentada, excetuando-se às vezes aqueles casos em que claramente se vê o gap (tipicamente no início das curvas), maior a competência percebida. Isso tem consequências sociais graves. Vide, por exemplo, os médicos. Que médico lhe tranquilizaria mais em uma situação ambígua? Aquele que dá um diagnóstico de pronto, sem pestanejar, ou aquele que confessa sua dúvida e diz que precisa pesquisar?
Em outras palavras, existe um prêmio social para quem mostra confiança. Com isso, nossos modelos de comportamento, nas diversas áreas, tendem a ser pessoas com muita confiança. A falta de confiança, por sua vez, é vista como fraqueza. Imagine a consequência disso para as organizações: um festival de falsas certezas e pouca disposição para questioná-las.